Será realizado nos dias 22 e 23 de abril de 2021 a Cúpula do Clima. Sediada virtualmente nos EUA, o encontro contará com a participação de 40 chefes de Estado e Governo, e poderá ser acompanhada pelo público com transmissão ao vivo.
O
Presidente americano Joe Biden tem levado a risca as promessas de campanha de
retomada das políticas públicas ambientais de seu país, abandonadas por seu
antecessor. Um de seus primeiros atos foi o retorno dos EUA ao Acordo de Paris,
tratado internacional celebrado por 195 países e que prevê metas para a redução
de emissão de gases estufa, e o compromisso global de esforços para a limitação
do aumento da temperatura em até 1,5°C.
O encontro é considerado um evento-chave no caminho da Conferência das Partes – COP 26 que ocorrerá em novembro em Glasgow, Inglaterra.
O
Brasil tem sofrido pressões, internas e externas, pelo posicionamento assumido
pelo atual Governo de verdadeiro abandono da agenda ambiental.
Recentemente
o Presidente Jair Bolsonaro enviou uma carta ao colega norte-americano buscando
esfriar os ânimos, em que afirmou seu compromisso em acabar com o desmatamento
ilegal no Brasil até o ano de 2030. A comunicação vem acompanhada de um pedido
de U$ 1bi (um bilhão de dólares) para o financiamento das iniciativas pelos
próximos 12 meses. Ainda, avalia-se aumento das verbas destinadas ao Ministério
do Meio Ambiente, o que seria anunciado durante a Cúpula. Outra promessa seria
o anúncio de antecipação das metas para que se atinja a neutralidade das
emissões de carbono para o ano de 2050 – o atual compromisso brasileiro está
previsto para ser alcançado em 2060.
Há
por parte dos americanos uma grande desconfiança por parte dos americanos
quanto ao discurso brasileiro, que tem exigido a apresentação de “resultados
concretos” antes de abrir espaço para financiamentos. E a razão é simples: o
Brasil chegará ao encontro com péssimas credenciais
Os
órgãos governamentais ambientais brasileiros de fiscalização das políticas
públicas ambientais, como combate ao desmatamento, têm sofrido severos cortes
de orçamento. A legislação também tem sido alvo de constantes modificações que
reduzem a proteção do meio ambiente. As queimadas e o desmatamento em todo país
têm atingido recordes.
Há
também episódios de escândalo político. Recentemente, o superintendente da polícia
federal no Amazonas, Alexandre Saraiva, comunicou ao Supremo Tribunal Federal uma
suposta prática dos crimes de advocacia administrativa e organização criminosa
pelo Ministro. Segundo o documento, em operação que resultou na apreensão de
mais de 200mil metros cúbicos de madeira avaliados em R$ 130mi (cento e trinta
milhões de reais), o Ministro teria se posicionado publicamente contrário à
fiscalização, com críticas diretas à atuação da polícia federal. Ainda, a Cúpula
do Clima será o “batismo de fogo” do recém-empossado Ministro das relações
exteriores Carlos Alberto Franco França. Vale lembrar que seu antecessor já fez manifestações públicas contrárias ao aquecimento global, ao qual se refere como uma "ideologia".
Artistas,
políticos e intelectuais nacionais e internacionais também enviaram carta ao
Presidente Biden versando sobre políticas ambientais. De um lado, assumiram o
compromisso da sociedade brasileira no combate às mudanças climáticas; doutro,
não pouparam críticas ao Governo Bolsonaro e sua agenda ambiental negacionista,
e pediram um posicionamento firme quanto à exigência de uma nova postura.
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