Trazemos abaixo um verdadeiro testemunho da degradação ambiental de autoria de nossa querida amiga Fernanda Papa Spada, cientista de alimentos e doutoranda do Programa em Ciência e Tecnologia de Alimentos da ESALQ/USP.
Fernanda é colaboradora e voluntária do Instituto Aimara. Nosso muito obrigado pelo trabalho compartilhado.
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Residente
no bairro Bosque da Água Branca desde meados a década de 80 e testemunha ocular
das transformações deste ecossistema, que sobrevive as mudanças decorrentes da
inevitável urbanização, podemos notar que a natureza ainda destaca-se nas
margens de avenida de fluxo intenso de pessoas e veículos (Figura 1).
FIGURA 1. Área as margens do afluente do Piracicamirim – Piracicaba, SP. BQ Água Branca – Av. Laudelina C. Castro, início de 2014. |
De beleza exuberante e área de
afluentes límpidos, esta foi escolhida pelo poder público como área destinada a
abrigar estruturas importantes para o lazer e saúde da população local. Nesta
região é possível encontrar: a área de lazer destinada à caminhada e exercícios
físicos, na academia ao ar livre, que diariamente é visitada por contingente
expressivo da população local, bem como, o posto de atendimento da saúde da
família que atende os bairros próximos ao Bosque da Água Branca.
Assim,
o nome deste bairro foi inspirado nas belezas naturais que nele residem. Infelizmente
no último bimestre seu nome não condiz com sua realidade, pois o leito do rio
está recebendo esgoto e com a estiagem o ribeirão tornou-se esgoto a céu
aberto, com formação intensa de espuma, a menos de 50 metros do posto de atendimento
à saúde da família e da área de lazer (Figura 2).
FIGURA 2. Esgoto a céu aberto (A); Boca de lobo indicando a presença de órgão municipal SEMAE (B) e Posto de atendimento à Saúde da Família (C). |
Providências primárias como
acionamento da equipe do Serviço Municipal de Água e Esgoto de Piracicaba - SEMAE
(protocolos: 2014088229) e empresas parceiras foram procuradas, contudo a
primeira ordem de serviço foi extraviada pela equipe do SEMAE, quanto ao segundo
processo as informações do próprio SEMAE confirmam o grande volume de dejetos provenientes
da rede de esgoto nas águas do ribeirão. Todavia nenhuma medida efetiva foi
aplicada, pois o fluxo de esgoto ainda é continuo e o odor intenso nas
imediações do ecossistema, no centro da saúde da família e na área verde
destinada a prática de atividades físicas.
Atualmente o ambiente é
efetivamente valorizado, a população é convidada a vivenciar a beleza natural
em comunhão com a urbanização, neste período do ano a estiagem compromete o
volume de água disponível, contudo mesmo com os elevados tributos que
contemplam as taxas para tratamento de água e esgoto presenciamos esta situação.
Como podemos aceitar este fato?
Além de exigir medidas efetivas
das autoridades responsáveis este texto alerta que mais moradores devem estar
atentos as mudanças deste ecossistema e reivindicar modos de preservação e
qualidade de vida para a população local, pois do contrario veremos alguns de
nossos vizinhos partindo (Figura 3 e 4).
FIGURA 3. Presença efetiva de aves no
leito do ribeirão e seu vôo de partida.
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FIGURA 4 |