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domingo, 1 de agosto de 2010

Desequilíbrio Ambiental no Interior Paulista: a supressão de áreas verdes e o aparecimento de onças no meio urbano


   Em grandes cidades do interior paulista, especificamente, no eixo que vai de Jundiaí até Campinas, há um crescimento expressivo - e desorganizado - de condomínios residenciais de alto padrão. Trata-se de famílias de poder aquisitivo único em nossa sociedade que procuram em condomínios fechados uma fuga dos centros urbanos e de problemas que lhe são associados - segurança, qualidade de vida, entre outros. E na maioria das vezes, esses residenciais são construídos em áreas verdes, vizinhos às matas remanescentes do estado.

   De fato, há uma vinculação entre as áreas verdes e estes condomínios, atribuindo-se ao local o prazer de se viver próximo à natureza. Ocorre que estas matas são o último refúgio da fauna silvestre e a supressão de seu habitat faz com que animais de grande porte sejam encontrados na cidade.

   Nos últimos meses, três onças-parda e dois lobos-guará foram encontrados nesta região. Alguns em beiras de rodovias; outros, em jardins de casa. Uma das onças capturadas recebeu o carinhoso apelido de goiabeira. Acuado pela presença de humanos, o felino subiu num pé de goiaba e teve que ser sedado. A reintrodução destes animais no seu habitat natural tem-se demonstrado uma tarefa difícil, pois as matas paulistas estão cada vez mais raras nesta região.

   Mas o avanço dos condomínios fechados não é o único vilão. A queimada de cana-de-açúcar para colheita destroe grandes extensões de terra e afugentam animais para distâncias longínquas.

   As autoridades minimizam a questão. A expedição de licenças ambientais para a construção de novos condomínios residenciais sem a adoção de medidas ambientais sustentáveis e a demora do Governo do Estado de São Paulo em adotar um prazo final para a queimada como método de colheita da cana assinalam a falta de preocupação dos representantes do povo com a fauna e a flora locais, com os recursos hídricos e com a biodiversidade da mata atlântica e do cerrado.